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A Linhagem Shangpa Kagyu

A linhagem Shangpa é também conhecida como “a linhagem secreta”, isso se deve principalmente pela forma como ela surgiu e se estabeleceu. Seu fundador, Khyungpo Naljor, mestre tibetano do século XI, depois de haver recebido instruções na Índia por muitos anos, aconselhado por seus mestres, foi encontrar-se com Niguma, uma das mais importantes mestres budistas e yoginis daquela época, na floresta de Sosaling. Na ocasião, Niguma instruiu Khyungpo Naljor a transmitir os ensinamentos budistas apenas para um estudante durante as primeiras sete gerações e transmitiu a ele o que formou a espinha dorsal de um conhecimento que capacitaria aqueles discípulos que fossem verdadeiramente empenhados na prática a atingirem a iluminação em uma só vida. Esses ensinamentos “sussurrados” deveriam ser transmitidos apenas em uma relação de guru para discípulo, um a um.

Khyungpo Naljor estabeleceu então seu assento monástico na região de Shang, no Tibet, que é a razão pela qual a linhagem leva o nome Shangpa. A linhagem não se estruturou como uma instituição formal, pela própria natureza das orientações de Niguma, a tradição foi formando uma cadeia de yogis e yoginis e cada um desses ramos desenvolveu uma mandala própria de discípulos. Quase não haviam monastérios e, os que existiam, eram sem hierarquia, mantendo sempre a forma de transmissão “secreta” apenas de mestre para discípulo.
 

Ao longo das gerações outros ramos foram surgindo. Alguns não perduraram, mas outros persistiram. No século 19, restaram apenas alguns poucos detentores da linhagem. Nesse momento, Jamgön Kongtrul Lodrö Thaye e Jamyang Khyentse Wangpo, dois grandes mestres, organizaram o movimento Rime, recolhendo e reunindo as diferentes transmissões da linhagem. Com isso, deram um novo fôlego para a tradição.
 

No século 20, Kalu Rinpoche, o principal detentor dessa época, que foi considerado uma emanação iluminada de Jamgön Kongtrül Lodrö Thayé, espalhou amplamente a tradição pelo mundo. Nos anos 70 e 80 fundou diversos centros de retiro dedicados à transmissão yogui Shangpa, confiando a guia espiritual desses locais aos seus discípulos mais antigos. Com isso, Kalu Rimpoche deu continuidade à tradição, passando de mestre para discípulo os ensinamentos necessários para que a linhagem se mantivesse preservada e viva. Afinal, como uma das tradições budistas mais esotéricas, o principal objetivo é a prática que levará à realização e não apenas acessar os ensinamentos.
 

Há uma página disponibilizada pela Shangpa Foundation que relaciona todos os mestres dessa nossa preciosa linhagem. Para acessá-la e conhecer mais sobre a história de cada um de nossos antecessores e detentores, CLIQUE AQUI.

O Protetor da Linhagem:
Mahakala

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O principal protetor da linhagem é o Mahakala de seis braços. Todos os Mahakalas são manifestações de Avalokiteshvara (ou Tchenrezig), que é uma divindade pacífica e plácida. No entanto, por vezes, essa manifestação pacífica não ajuda a domar o karma e, então, surge sua manifestação colérica.
 

As manifestações de Buda são ilimitadas e nem sempre elas são amigáveis e sorridentes. Existe um Buda sorridente, um Buda carrancudo e existe um Buda com chamas flamejantes. Mahakala é o Buda com as chamas flamejantes.
 

Sua manifestação dessa forma é para ajudar os praticantes, protegendo-os de todas as máculas e ajudando em todos os obstáculos. Todos temos um pequeno demônio dentro de nós, Mahakala ajuda a domar esse demônio para que possamos transformá-lo em um generoso bodhisattva.

Kalu Rinpoche:
O Detentor da Linhagem

I Kalu Rinpoche

I Kalu Rinpoche nasceu em uma aldeia no leste da província oriental Kham, no Tibete em 1905. Uma série de eventos auspiciosos marcaram seu nascimento. Ensinado a ler e a escrever por seu pai, foi um aluno extraordinário, tomou o hábito de monge ainda criança no mosteiro de Begen e aos onze anos de idade recebeu uma cadeira de Khenpo, título equivalente a “doutor em Budismo” (normalmente são necessários cerca de doze anos de estudos superiores para obtê-lo).
 

Dedicando-se aos estudos e recebendo grandes mestres de todas as escolas do Budismo Tibetano, Kalu Rimpoche se fundamentou na transmissão tradicional (iniciações, leituras rituais e explicações) e recebeu a ordenação maior de Situ Rinpoche, que, na ocasião, deu-lhe o nome de Karma Rangjung Kunkhyab, nome que profetizava que sua atividade difundiria-se de modo espontâneo (rangjung) e universal (kunkhyab), por toda a terra.
 

Foi um dos primeiros grandes mestres tibetanos a abrir livremente a todos – asiáticos e ocidentais – o acesso à riqueza da tradição Budista, cuidadosamente preservada no Tibete nos mil anos antecedentes. Desde o início dos anos 1970, apesar de sua idade avançada, ele fez muitas viagens internacionais, apresentando progressivamente a diversos grupos diferentes níveis de ensinamentos, introduzindo as práticas correspondentes e fundando mais de 70 centros do dharma em diferentes países. No mundo inteiro, sua bondade e sua atividade espiritual suscitaram imensos resultados para a doutrina e para os seres.

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II Kalu Rinpoche
 

Alguns anos antes da passagem da precedente encarnação (em 1989), Kalu Rinpoche disse a um grupo de discípulos: “Quando eu morrer, não será como a morte de um cachorro. Eu irei depois de ter preparado tudo em detalhes.”
 

II Kalu Rinpoche renasceu, como ele próprio havia previsto, em 1990 em seu monastério na Índia. Seu nascimento ocorreu durante um ritual de oferenda mensal à divindade protetora Mahakala de Seis Braços e, novamente, vários sinais positivos e maravilhosos manifestaram-se.
 

Foi reconhecido por sua Santidade o Dalai Lama e por Tai Situ Rinpoche como de fato a emanação do precedente Kalu Rinpoche e, desde pequeno, inspirou a todos que o conheceram com sua presença amável e carinhosa.
 

Em 1993 foi entronado por Tai Situ Rinpoche, Gyaltsab Rinpoche e por seu filho de coração, Bokar Rinpoche. Tai Situ lhe deu o nome de Karma Ngedon Tenpe Gyaltsen (O Estandarte da Vitória dos Ensinamentos de Significado Verdadeiro) mas é conhecido atualmente como Kyabje Kalu Rinpoche. Em 1995, aos 5 anos, realizou seu primeiro ciclo de ensinamentos nos seus Centros de Dharma em vários países, junto com seus pais Lama Gyalsen e Mayum Drolkar, visitando entre outros, o centro, em Brasília. Aos 7 anos começou seus estudos formais no monastério de seu antigo discípulo, agora mestre, Bokar Rimpoche e, aos 18 anos, completou com sucesso o tradicional retiro de 3 anos.
 

Kalu Rinpoche é um mestre que nos acolhe ao coração de sua Linhagem com profunda simplicidade, humor e coragem, cortando hipocrisias sociais e internas, ele libera o caminho para que possamos ver e seguir o nosso caminho interior de paz, felicidade e realização dos nossos mais profundos desejos. Desta forma somos capazes de avançar em direção a sermos pessoas felizes, positivas, ativas e despertas neste mundo.

Estudo, Compreensão e Prática

Kalu Rinpoche não espera que seus seguidores apenas reproduzam a tradição formal, institucionalizada e codificada há séculos com o principal propósito de preservá-la e perpetuá-la. Ele enfatiza os pontos principais encorajando os praticantes a compreenderem seu significado essencial e a integrá-los em suas vidas. Ele considerava a progressão por meio dos seguintes passos: Aprender, Compreender e Experimentar.
 

Sob sua orientação, em 1977, cerca de 10 anos após seu primeiro encontro com ocidentais interessados em sua tradição, ele proporcionou o primeiro retiro de três anos de meditação intensiva na Europa, mais especificamente, na França. Com base em uma boa compreensão geral dos ensinamentos, Kalu Rinpoche enfatizou a prática da meditação intensiva para desenvolver uma experiência prática e direta.
 

Nos anos 80, após os primeiros retiros longos, Kalu Rimpoche I considerou que era apropriado desenvolver o aspecto dos estudos. Ele encorajou a tradução de uma coleção de textos do grande erudito e meditador tibetano do século 19, Jamgon Kongtrul Rinpoche. Esse trabalho colossal foi completado recentemente por seus fiéis e qualificados discípulos, e resultou na publicação dos nove volumes do “Tesouro do Conhecimento”.

Rime: a abordagem não sectária

No Tibete, no fim do século 19, sob a inspiração de grandes mestres daquele país, foi desenvolvida uma “abordagem não sectária”, Rime, que significa imparcial. Seu objetivo não era fazer uma síntese das tradições existentes e criar um novo movimento. Considerava-se que, mesmo sendo seguidores de uma tradição específica, não era necessário menosprezar a validade das outras. Eles destacavam o propósito comum das tradições, apesar de suas diferentes expressões em formas e meios. Eles valorizavam uma atitude de respeito, tolerância e colaboração, ao invés de rivalidade e competição. Para suportar essa perspectiva, eles encorajavam estudos extensivos e enfatizavam a prática da meditação.
 

Kalu Rinpoche, que foi um continuador dessa visão, inspirando nossa orientação. Nos dias atuais, acreditamos que o campo de focalização não deve estar somente limitado ao Tibete do século 19, mas aberto a todos os conhecimentos relacionados, acessíveis atualmente pelos meios disponíveis em nossos dias.

Shangpa Kagyu
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